Somos como
pedras
Jhon
levantou-se cedo e tomou café da manhã no refeitório do hotel. Depois se
pôs a caminhas pela orla do
Velho Monge.A medida em que caminhava,o
vento frio batia contra o seu rosto fazendo com que seus olhos ficassem cerrados
e úmidos. Havia uma pequena porção de neblina pelo trajeto.Jhon por não
aguentar andar ,contra o vento frio,sentou-se em um banco debaixo de uma mangueira e
ficou a contemplar um canoeiro que atravessava tranquilamente o rio.
O canoeiro
remava a favor da correnteza. Cada sequência de remada que dava,parava,colocava
o remo para dentro da canoa, e, tirava como uma cuia a água que insistia insolentemente
entrar na pequena embarcação.
O rio corria
de maneira serena. Sua cor era de um azul-turquesa intenso. Os raios de sol
passavam acanhadamente por entre as nuvens, causando uma pequena refração de
cores,tocava-o firmemente, provocando um efeito deslumbrante.Um cardume de
peixes bibicavam,pequenos vestígios de vegetais formando bolhinhas de ar,que logo
em seguida estouravam próximo ao leito.
Jhon observava tudo àquilo de maneira leviana.De
repente surpreendera-se com uma voz
grave e simpática:
- Encantado com as belezas do rio meu caro jovem?Às vezes ele
nos conta e mostra-nos coisas magníficas.
Jhon desviou o seu olhar do rio,com um leve sorriso
no rosto, procurando saber quem era o portador daquela voz .E logo descobriu.Era um home de meia idade
,aparentava ter uns 65 anos.Tinha rosto quadrado,cabelos curtos lisos,barba
branca rasteira bem delimitada.Seus olhos eram de azul celeste profundo,suas sobrancelhas
eram alertas e finas dando-lhe um ar de sagacidade,seu nariz era empinado ,o que deixava os lábios rosados mais perceptíveis.Trajava
vestisses brancas e calçava um par de sandálias de couro marrom.
Jhon o respondeu:
- Confesso que sim.Este
lugar é de uma magnitude profunda.Diferentemente de onde eu habito.Lá este
mesmo rio, que aqui corre saudável,sofre com
a poluição das redes de esgotos.Sua fauna e flora morrem a cada minuto
que se passa.
- Vejo que o senhor é da capital. Lugar confuso, agitado e
pouco pastoril. Qual a sua graça meu jovem rapaz?
-Me chamo Jhon Valentin- respondeu com um tom alegre ao velho senhor.
-Fico fez em conhece-lo!-cumprimentou com um aperto de mãos-
Sou Herminho Avedusav!O que o trouxe até esta terra?
- Creio que a tranquilidade, o pouco movimento nas ruas e a
vida bucólica que aqui reina.
-Entendo meu jovem rapaz. Às vezes é bom ficar um pouco longe
da capital, da rotina cansativa que ela produz. Mas o que faz lá?
- Sou engenheiro e arquiteto.Ultimamente estou trabalhando em
um projeto paisagístico de uma praça.Quero por uma fonte no centro dos jardins,algo voluptuário,para embeleza-la.Acredito que com este bem as pessoas,que frequentam-na
, fiquem mais tranquilas ao escutarem o barulho da água caindo.Confesso que
tive um pequeno problema,pois a água atrai o mosquito Aedes
aegypti,o transmissor da dengue ,entretanto encontrei uma solução ao cogitar
por um tempo.
-Então me diga meu jovem.
Qual foi?-perguntou o velho senhor com um profundo interesse.
-Colocarei na base
mais longa da fonte carpas, assim elas poderão se alimentar das larvas do
mosquito impedindo-o de se proliferar.
- Uma ideia simples e
brilhante meu caro rapaz. Promover o bem estar de uma comunidade é um papel
digno de um cidadão. As pessoas das capitais são muito convulsas .Lugares como
este que você esta projetando vão ajudá-las a entrarem em contato com os seus próprios
espíritos. Eis um belíssimo projeto.
-Obrigado Sr Avedusav.Ultimamente eu tenho
observado que elas tem andado muito tensas e inseguras.Não confiam uma nas
outras.Criou-se nas capitais,não só brasileiras,mas do mundo todo uma espécie de
barbarismo comunitário ,onde cada um fica num pequeno e delimitado território,aquele que não é semelhante ao outro na;
vestimenta,cultura e posição social é um estranho,bárbaro.
-Compreendo-lhe
plenamente Sr Valentin.Para mim as pessoas são como pedras dentro de um rio.
-Por favor!-disse Jhon
calmamente -Explique-me esta metáfora Sr Avedusav.
- Claro que sim meu
bom rapaz!- exclamou o velhinho - No começo de nossas vidas somos ingênuos, brutos,assim
como as pedras cheias de pontas ,que saem da nascente do rio em direção a sua foz,falamos e fazemos coisas sem pensar, por puro instinto,e
assim vamos vivendo...Frequentemete vamos encontrando obstáculos grades pelo o
percurso, assim como as pedras que rolam na medida que a vazante do rio aumenta ,
devido as fortes chuvas ,que ocorrem na cabeceira,e
esses obstáculos arranca de nós essa ignorância ,igualmente como elas que
perdem um pouco de suas massas ao colidirem com outras maiores,então, quando menos
esperamos estamos lapidados, lisos e brilhantes iguais a elas.O velho Senhor fez uma
profunda pausa e disse-o:
-Você ainda tem muito
a aprender com este velho mundo Sr Valentin.Percebi neste pequeno tempo de prosa ,que seus pensamentos são de uma benevolência encantadora.Espero
que tenha êxito nos seus futuros projetos.
O velho
senhor ficou frente a frente com Jhon. Inclinou-se lentamente e beijou a testa
do jovem rapaz. Depois deu meia volta e saiu caminho.Jhou ficou observando-o
caminhar bela beira do rio,enquanto o sol começava a sair por entre as nuvens.
[...]
Felipe Manoel
Theresina:31/08/13